segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Medo da Morte

 

Medo da Morte

Palestrou no CEIFA Sr. Frossard

Na codificação espírita, um dos pilares que sustenta a doutrina, Kardec fala que a morte não é um fim.

A morte se torna um acontecimento futuro e inevitável a partir do nascimento, assim vida e morte parecem popularmente se contrapor.

Más “algo” no indivíduo perdura após a sua morte e parte em direção a uma nova existência, daí se conclui que a morte não é o fim da vida, mas sim apenas uma etapa dela, assim como o nascimento.

Vejam só: entre os anos de 2007 e 2016, do total de 1307 teses e dissertações defendidas em Ciência da Religião no Brasil, somente 27 abordaram o tema da Morte, será que temos medo, preconceito ou os dois juntos? O que você acha?

Olha a definição linda: A morte, no sentido mais amplo, é um fenômeno da vida “Martin HEIDEGGER, 2012 filósofo alemão.

É importante saber que, não serão abordadas todas as características que compõe o complexo sistema de Kardec ao que se refere à morte, e nem é a nossa intenção dar conta de cobrir todos os pontos de ligação entre um assunto e outro, já que a doutrina espírita se estrutura de forma que seus componentes apresentam-se de maneira interdependentes, tomando assim uma consistência “orgânica”, difícil de dissociar uma parte da outra, correndo o risco de tornar incompleto o estudo de uma parte isolada.

Todo o sistema espírita está pautado no mecanismo da reencarnação. Em outras palavras, o indivíduo nasce, envelhece, morre e nasce novamente, constituindo dessa maneira um ciclo no qual a vida e morte estão interligados, e não contrapostos.

A morte é tão somente uma etapa de nossa existência, na qual teremos de vivenciar não apenas uma vez, más muitas.

No entanto, para Kardec essa mecânica não se apresenta meramente como um sistema, e sim como uma explicação definitiva.

Dado o teor científico que constituem as suas obras, toda informação é testada e comprovada, porém, não por um método estatístico indutivo ou por um método dedutivo, mas sim pela observação dos fenômenos e pela comprovação direta dos espíritos desencarnados, com dito no trecho a seguir por Kardec:

A doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro.

A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não são os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação; aí os vemos em todos os graus da escala espiritual, em todas as fases da felicidade e da desgraça, assistindo, enfim, as todas as peripécias da vida de além-túmulo.

A certeza que a morte é um tipo de renascimento transforma a angústia diante de sua inevitável chegada em ansiedade.

Não uma ansiedade por morrer, mas uma ansiedade por conhecimento, por querer saber o que está além do túmulo. A espera pela morte passa a ter um novo tom.

“Não é mais permissível a dúvida sobre o futuro, desaparecendo o temor da morte; encara-se a sua aproximação a sangue-frio, como quem aguarda a libertação pela porta da vida e não do nada”.

(Kardec) É com essas palavras que Kardec encerra o segundo capítulo, intitulado “Temor da Morte”, de sua obra “O Céu e o Inferno”. O medo da morte não é mais aceitável, não é plausível.

Segundo Kardec, esse temor é atribuído a duas fontes: ao que ele chama da “Providência”, isto é, uma intervenção divina, e também ao instinto de conservação, comum a todos os seres viventes.

Ainda sobre o instinto de conservação, o autor prossegue dizendo que: Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio adiantamento (Kardec).

Os conceitos de “esclarecimento” e “evolução” são de suma importância para a compreensão dos fatores fundamentais que levam o indivíduo a temer a morte.

Em relação ao esclarecimento, este vem ligado à noção de compreensão.

O indivíduo, primeiro, precisa compreender a vida futura, isto é, a imortalidade do espírito, para gradativamente fazer sumir o temor da morte.

O esclarecimento vem acompanhado da calma diante da finitude material, pois, sabendo que após essa existência faremos a passagem para outra existência e que, e outra existência não nos colocará diante do fim absoluto, não há o que temer.

E de maneira sincrônica ao esclarecimento, a evolução acontece. Segundo Kardec.

No espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real.

O esclarecimento leva à evolução, que leva a mais esclarecimento, fazendo o indivíduo entender que a vida real é a que está além da morte.

Outra noção básica da nossa doutrina kardecista necessária para a compreensão de toda sua estrutura é o conceito de “missão”.

Cada indivíduo vivo possui uma “missão pessoal que precisa ser cumprida durante a sua existência. Sobre como o temor da morte influencia essa “missão”, voltemos ao trecho onde Kardec diz: “(...) sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e negligenciar o trabalho terreno.

Portanto, o medo da morte não apenas se apresenta como um sintoma da baixa evolução do indivíduo, como também serve de “freio” para que este não deixe para trás a sua missão e viva apenas esperando o momento da morte.

Podemos concluir, então que todos os detalhes vão acontecendo de forma dosada ao passo que vão estruturando ao mesmo tempo em direção à evolução, isto é, todas as peças se encaixam conforme seu tempo.

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