Medo da Morte
Palestrou no CEIFA Sr. Frossard
Na codificação espírita,
um dos pilares que sustenta a doutrina, Kardec fala que a morte não é um fim.
A morte se torna um
acontecimento futuro e inevitável a partir do nascimento, assim vida e morte
parecem popularmente se contrapor.
Más “algo” no indivíduo
perdura após a sua morte e parte em direção a uma nova existência, daí se
conclui que a morte não é o fim da vida, mas sim apenas uma etapa dela, assim
como o nascimento.
Vejam só: entre os anos
de 2007 e 2016, do total de 1307 teses e dissertações defendidas em Ciência da
Religião no Brasil, somente 27 abordaram o tema da Morte, será que temos medo,
preconceito ou os dois juntos? O que você acha?
Olha a definição linda: A
morte, no sentido mais amplo, é um fenômeno da vida “Martin HEIDEGGER, 2012
filósofo alemão.
É importante saber que,
não serão abordadas todas as características que compõe o complexo sistema de
Kardec ao que se refere à morte, e nem é a nossa intenção dar conta de cobrir
todos os pontos de ligação entre um assunto e outro, já que a doutrina espírita
se estrutura de forma que seus componentes apresentam-se de maneira
interdependentes, tomando assim uma consistência “orgânica”, difícil de dissociar
uma parte da outra, correndo o risco de tornar incompleto o estudo de uma parte
isolada.
Todo o sistema espírita
está pautado no mecanismo da reencarnação. Em outras palavras, o indivíduo
nasce, envelhece, morre e nasce novamente, constituindo dessa maneira um ciclo
no qual a vida e morte estão interligados, e não contrapostos.
A morte é tão somente uma
etapa de nossa existência, na qual teremos de vivenciar não apenas uma vez, más
muitas.
No entanto, para Kardec essa
mecânica não se apresenta meramente como um sistema, e sim como uma explicação
definitiva.
Dado o teor científico
que constituem as suas obras, toda informação é testada e comprovada, porém,
não por um método estatístico indutivo ou por um método dedutivo, mas sim pela
observação dos fenômenos e pela comprovação direta dos espíritos desencarnados,
com dito no trecho a seguir por Kardec:
A doutrina Espírita
transforma completamente a perspectiva do futuro.
A vida futura deixa de
ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é
mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo
espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não são os homens
que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios
habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação; aí os vemos em
todos os graus da escala espiritual, em todas as fases da felicidade e da
desgraça, assistindo, enfim, as todas as peripécias da vida de além-túmulo.
A certeza que a morte é
um tipo de renascimento transforma a angústia diante de sua inevitável chegada
em ansiedade.
Não uma ansiedade por
morrer, mas uma ansiedade por conhecimento, por querer saber o que está além do
túmulo. A espera pela morte passa a ter um novo tom.
“Não é mais permissível a
dúvida sobre o futuro, desaparecendo o temor da morte; encara-se a sua
aproximação a sangue-frio, como quem aguarda a libertação pela porta da vida e
não do nada”.
(Kardec) É com essas
palavras que Kardec encerra o segundo capítulo, intitulado “Temor da Morte”, de
sua obra “O Céu e o Inferno”. O medo da morte não é mais aceitável, não é
plausível.
Segundo Kardec, esse
temor é atribuído a duas fontes: ao que ele chama da “Providência”, isto é, uma
intervenção divina, e também ao instinto de conservação, comum a todos os seres
viventes.
Ainda sobre o instinto de
conservação, o autor prossegue dizendo que: Ele é necessário enquanto não se
está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como
contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente
a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio
adiantamento (Kardec).
Os conceitos de “esclarecimento”
e “evolução” são de suma importância para a compreensão dos fatores
fundamentais que levam o indivíduo a temer a morte.
Em relação ao
esclarecimento, este vem ligado à noção de compreensão.
O indivíduo, primeiro,
precisa compreender a vida futura, isto é, a imortalidade do espírito, para
gradativamente fazer sumir o temor da morte.
O esclarecimento vem
acompanhado da calma diante da finitude material, pois, sabendo que após essa
existência faremos a passagem para outra existência e que, e outra existência
não nos colocará diante do fim absoluto, não há o que temer.
E de maneira sincrônica
ao esclarecimento, a evolução acontece. Segundo Kardec.
No espírito atrasado a
vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem
não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real.
O esclarecimento leva à
evolução, que leva a mais esclarecimento, fazendo o indivíduo entender que a
vida real é a que está além da morte.
Outra noção básica da
nossa doutrina kardecista necessária para a compreensão de toda sua estrutura é
o conceito de “missão”.
Cada indivíduo vivo
possui uma “missão pessoal que precisa ser cumprida durante a sua existência.
Sobre como o temor da morte influencia essa “missão”, voltemos ao trecho onde
Kardec diz: “(...) sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e
negligenciar o trabalho terreno.
Portanto, o medo da morte
não apenas se apresenta como um sintoma da baixa evolução do indivíduo, como
também serve de “freio” para que este não deixe para trás a sua missão e viva
apenas esperando o momento da morte.
Podemos concluir, então
que todos os detalhes vão acontecendo de forma dosada ao passo que vão
estruturando ao mesmo tempo em direção à evolução, isto é, todas as peças se
encaixam conforme seu tempo.
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