domingo, 17 de março de 2024

A carta Magna da Paz



A Oração de São Francisco de Assis e a construção de um novo “EU”.

Palestra Virgínia Parizio CEIFA dia 12/03/2024

Francisco de Assis Espírito de alto nível de iluminação.

Veio à terra na missão de reconstruir o Cristianismo.

Última encarnação no século XII, na cidade de Assis, na Itália.

Seu nome de batismo era Giovanni Bernardoni, mas seu pai, admirador da França, apelidou-o de Francisco, que em sua língua significava “o francês”.

Francisco foi um homem especial. A partir do momento em que a consciência do compromisso com Jesus foi despertada, passou a dar novo rumo à vida e decidiu apresentar-se e entregar-se ao Pai para que o utilizasse como servidor da vida.

Sempre procurou viver sob a direção psíquica de Jesus.

Esmerou-se na construção de um mundo melhor, em dar amor, em se ocupar com o próximo, na construção de criaturas conscientes dos próprios compromissos com a humanidade.

Deis nos enviou Francisco para fazer-nos relembrar os ensinamentos de Jesus, para os trazer o amor, o perdão, a fraternidade, a paz.

Dois mil anos nos separam da passagem de Jesus pela terra e oitocentos anos nos separam da conversão de Francisco.

Mil e duzentos anos de diferença entre um e outro.

Dois exemplos, duas missões a serviço da obra divina.

A oração de Francisco de Assis é uma das mais conhecidas no mundo cristão.

Depois do Pai-Nosso talvez seja a oração mais proferida pelos cristãos de todas as religiões por seu caráter amplo e universalista.

É preciso vê-la como um roteiro de vida baseado nos ensinamentos de Jesus.

É um diálogo amoroso com o Criador. Síntese do pensamento Franciscano.

Convite para fazermos o caminho do autoconhecimento, do autodomínio e da autotransformação.

Oração de Francisco de Assis

Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais;

Consolar, que ser consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe.

É perdoando que se é perdoado.

É morrendo que se vive para a vida eterna.

Livro Cerqueira, Alírio in A Sublime Oração de Francisco de Assis.

O ser humano possui dois EUS => O EU MENOR (Ego) e o EU MAIOR, que preferimos chamar de SER ESSENCIAL.

EGO: Fruto da imperfeição e da ignorância. É onde ficam registradas todas as experiências equivocadas. Possui uma face evidente e uma outra, mascarada pelo falso amor.

SER ESSENCIAL: É onde se originam todos os nossos sentimentos nobres, derivados da energia do amor. Pode ser evidente mas na maior parte das vezes, é inibido pelas camadas do Ego.

Segundo Francisco de Assis, para sermos seres perfeitos, devemos construir um novo Eu, cultivando o amor a Deus, ao próximo, a todas as coisas da Criação. Sua oração traça um caminho ideal de aprendizado e autoconhecimento, levando-nos gradativamente a galgar os degraus da evolução.

Três Níveis de Consciência

1 – Pacificação: Acontece após o apelo sincero do aprendiz quando pede: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz!

Somos convidados a pacificar nosso próprio coração, iniciando uma jornada de aprendizado e auto- aperfeiçoamento, tomando a decisão de levar o amor, perdão, união, fé, verdade, alegria e luz aonde ainda houver sentimentos negativos.

2 – Disponibilização: O sincero aprendiz, se coloca à disposição do mestre, fazendo o apelo “O Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado.” É também um chamado para que coloquemos as lições de Jesus e sua sabedoria com modelo fundamental nas decisões que tomaremos a partir daí.

O aprendiz se entrega ao mestre, buscando-lhe a energia primária, disponibilizando-se por inteiro, ouvindo a voz do Mestre que lhe fala ao coração.

3 – Autonomia: Nessa fase, o aprendiz já se encontra em trabalho ativo de internalização das virtudes evocadas na primeira fase.

Acontece a partir do momento em que exclama: “Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna.”

Conta-se que Francisco, caminhando pelas vielas de Assis, perguntava-se qual seria a causa do sofrimento e muitos lhe diziam que era falta de fé.

Então, buscou a fé, através da palavra de Jesus mas seguiu vendo que muitos que se dedicavam à oração e frequentavam os templos, voltavam para casa e permaneciam intocáveis e endurecidos. E ele continuava em seu questionamento, perguntando-se por que a fé não era suficiente para passarem a agir de forma diferente. Nesse ponto, aparece-lhe a mensageira Caridade, dizendo que a fé eleva o pensamento mas que o Amor era o mensageiro que agia entre Deus e os homens, para que a fé tivesse movimento e não ficasse somente na ideia das crenças passageiras.

Era preciso, além da fé, construir boas obras, se lançar ao trabalho no bem, se doar. É nesse momento, que ele chega à sua conclusão, contida no final de sua prece.

“Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna.”

Verbos no gerúndio indicam simbolicamente continuidade, a ação que não se interrompe, permanecendo aqui e agora, vivenciando o presente pois tudo no Universo se movimenta continuamente, garantindo a vida.

Como somos um movimento da vontade Divina, nossa jornada evolutiva é o Universo se movimentando para o cumprimento das Leis Morais.

Dar, perdoar e morrer, implicam na transmutação do Ego, deixa de ser uma decisão tomada para ser um ato contínuo na vida.

Aqui, já nos doamos, não nos culpamos e não precisamos mais de auto-perdão. Também não culpamos mais o outro e nós movimentamos naturalmente em direção ao perdão.

A partir desse processo sincero de transformação e doação, o aprendiz se auto-ilumina, tornando-se verdadeiramente a “imagem e semelhança” do Pai, assim como o Mestre Jesus o fez.

Perdoar é doação profunda de amor. Nessa fase, já não é mais uma escolha mas uma característica permanente do aprendiz.

Se ainda há dificuldade em perdoar, ainda não se entrou nesse nível de consciência. Nesse nível, já não nos ofendemos nem nos ressentimos, pois já praticamos a caridade pura e simples (“benevolência para com todos, indulgência para com a faltas alheias, perdão e esquecimento das ofensas”).

Morrer é colocar o Ser Essencial acima do Ego. Morrendo também se encontra no gerúndio pois não se trata da morte biológica mas sim da morte das paixões desnecessárias. Por isso, é necessário IR MORRENDO, entrando gradativamente na sintonia do presente, fazendo com que o Ego cada vez mais se sinta acolhido, compreendido e amado pelo Ser Essencial e, pouco a pouco, vá morrendo a serviço dele.

Quando o Ego é colocado a serviço da Essência Divina, toda a energia densa morre para dar lugar a uma outra, mais sutil, suave e delicada. Esse é o verdadeiro significado de MORRER. E deixar a matéria dar lugar ao espírito que é vida, que é amor.

A partir daí, tudo vai sendo transformado e podemos viver a vida em abundância, como Jesus nos ensina.

Nessa fase, já não nos preocupamos nem com o passado nem com o futuro, apenas com o presente, no eterno presente.

Já nos encontramos em profundo movimento de doação, conseguindo ser realmente um instrumento da Paz e do amor de Deus.

Morremos como Ego, para renascermos em essência. É o “homem velho” dando lugar ao “homem novo”. É o ver-se “face a face”.

É Cristo vivendo em nós. É fazer o caminho de Paulo de Tarso e do próprio Francisco.

É reconhecer Jesus como “caminho, verdade e vida”.

Doamo-nos e recebemos amor de nós mesmo.

Nesse momento, todo o universo nos recebe, como um coração que pulsa bombeando sangue para todo o corpo para haja vida.

É o doação na onipresença de Deus, a própria doação ininterrupta de nosso Pai.

É ele pulsando através de cada um de nós, que participamos com Ele como co-criadores, fazendo brilhar a centelha divina presente em espírito.

“Brilhe a vossa luz diante do homens”, disse Jesus no Sermão da Montanha. Porque nos doamos à grande Doação Divina, recebemos as bênçãos dessa entrega.

Somente aí ocorre a felicidade plena, total, aquela que ainda não é desse mundo.

Bibliografia: Cerqueira F., Alírio: A Sublime Oração de Francisco de Assis. Editora Espiritutizar 2015

Teixeira, José Raul: A Carta Magna da Paz. Editora Fráter. 2014

Muita Paz.







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