A Oração de São Francisco de Assis e a construção de
um novo “EU”.
Palestra Virgínia Parizio
CEIFA dia 12/03/2024
Francisco de Assis
Espírito de alto nível de iluminação.
Veio à terra na missão de
reconstruir o Cristianismo.
Última encarnação no
século XII, na cidade de Assis, na Itália.
Seu nome de batismo era
Giovanni Bernardoni, mas seu pai, admirador da França, apelidou-o de Francisco,
que em sua língua significava “o francês”.
Francisco foi um homem
especial. A partir do momento em que a consciência do compromisso com Jesus foi
despertada, passou a dar novo rumo à vida e decidiu apresentar-se e entregar-se
ao Pai para que o utilizasse como servidor da vida.
Sempre procurou viver sob
a direção psíquica de Jesus.
Esmerou-se na construção
de um mundo melhor, em dar amor, em se ocupar com o próximo, na construção de
criaturas conscientes dos próprios compromissos com a humanidade.
Deis nos enviou Francisco
para fazer-nos relembrar os ensinamentos de Jesus, para os trazer o amor, o
perdão, a fraternidade, a paz.
Dois mil anos nos separam
da passagem de Jesus pela terra e oitocentos anos nos separam da conversão de
Francisco.
Mil e duzentos anos de
diferença entre um e outro.
Dois exemplos, duas
missões a serviço da obra divina.
A oração de Francisco de
Assis é uma das mais conhecidas no mundo cristão.
Depois do Pai-Nosso
talvez seja a oração mais proferida pelos cristãos de todas as religiões por
seu caráter amplo e universalista.
É preciso vê-la como um
roteiro de vida baseado nos ensinamentos de Jesus.
É um diálogo amoroso com
o Criador. Síntese do pensamento Franciscano.
Convite para fazermos o
caminho do autoconhecimento, do autodomínio e da autotransformação.
Oração de Francisco de
Assis
Senhor, fazei de mim um
instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu
leve o amor.
Onde houver ofensa, que
eu leve o perdão.
Onde houver discórdia,
que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que
eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu
leve a verdade.
Onde houver desespero,
que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que
eu leve alegria.
Onde houver trevas, que
eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu
procure mais;
Consolar, que ser
consolado;
Compreender, que ser
compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando que se
recebe.
É perdoando que se é
perdoado.
É morrendo que se vive
para a vida eterna.
Livro Cerqueira, Alírio
in A Sublime Oração de Francisco de Assis.
O ser humano possui dois
EUS => O EU MENOR (Ego) e o EU MAIOR, que preferimos chamar de SER
ESSENCIAL.
EGO: Fruto da imperfeição
e da ignorância. É onde ficam registradas todas as experiências equivocadas.
Possui uma face evidente e uma outra, mascarada pelo falso amor.
SER ESSENCIAL: É onde se
originam todos os nossos sentimentos nobres, derivados da energia do amor. Pode
ser evidente mas na maior parte das vezes, é inibido pelas camadas do Ego.
Segundo Francisco de
Assis, para sermos seres perfeitos, devemos construir um novo Eu, cultivando o
amor a Deus, ao próximo, a todas as coisas da Criação. Sua oração traça um
caminho ideal de aprendizado e autoconhecimento, levando-nos gradativamente a
galgar os degraus da evolução.
Três Níveis de Consciência
1 – Pacificação: Acontece
após o apelo sincero do aprendiz quando pede: Senhor, fazei-me instrumento de
vossa paz!
Somos convidados a
pacificar nosso próprio coração, iniciando uma jornada de aprendizado e auto- aperfeiçoamento,
tomando a decisão de levar o amor, perdão, união, fé, verdade, alegria e luz
aonde ainda houver sentimentos negativos.
2 – Disponibilização: O
sincero aprendiz, se coloca à disposição do mestre, fazendo o apelo “O Mestre,
fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser
compreendido, amar que ser amado.” É também um chamado para que coloquemos as
lições de Jesus e sua sabedoria com modelo fundamental nas decisões que
tomaremos a partir daí.
O aprendiz se entrega ao
mestre, buscando-lhe a energia primária, disponibilizando-se por inteiro,
ouvindo a voz do Mestre que lhe fala ao coração.
3 – Autonomia: Nessa
fase, o aprendiz já se encontra em trabalho ativo de internalização das
virtudes evocadas na primeira fase.
Acontece a partir do
momento em que exclama: “Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é
perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna.”
Conta-se que Francisco,
caminhando pelas vielas de Assis, perguntava-se qual seria a causa do
sofrimento e muitos lhe diziam que era falta de fé.
Então, buscou a fé,
através da palavra de Jesus mas seguiu vendo que muitos que se dedicavam à
oração e frequentavam os templos, voltavam para casa e permaneciam intocáveis e
endurecidos. E ele continuava em seu questionamento, perguntando-se por que a
fé não era suficiente para passarem a agir de forma diferente. Nesse ponto,
aparece-lhe a mensageira Caridade, dizendo que a fé eleva o pensamento mas que
o Amor era o mensageiro que agia entre Deus e os homens, para que a fé tivesse
movimento e não ficasse somente na ideia das crenças passageiras.
Era preciso, além da fé,
construir boas obras, se lançar ao trabalho no bem, se doar. É nesse momento,
que ele chega à sua conclusão, contida no final de sua prece.
“Pois é dando que se
recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida
eterna.”
Verbos no gerúndio
indicam simbolicamente continuidade, a ação que não se interrompe, permanecendo
aqui e agora, vivenciando o presente pois tudo no Universo se movimenta
continuamente, garantindo a vida.
Como somos um movimento
da vontade Divina, nossa jornada evolutiva é o Universo se movimentando para o
cumprimento das Leis Morais.
Dar, perdoar e morrer,
implicam na transmutação do Ego, deixa de ser uma decisão tomada para ser um
ato contínuo na vida.
Aqui, já nos doamos, não
nos culpamos e não precisamos mais de auto-perdão. Também não culpamos mais o
outro e nós movimentamos naturalmente em direção ao perdão.
A partir desse processo
sincero de transformação e doação, o aprendiz se auto-ilumina, tornando-se
verdadeiramente a “imagem e semelhança” do Pai, assim como o Mestre Jesus o
fez.
Perdoar é doação profunda
de amor. Nessa fase, já não é mais uma escolha mas uma característica permanente
do aprendiz.
Se ainda há dificuldade em
perdoar, ainda não se entrou nesse nível de consciência. Nesse nível, já não
nos ofendemos nem nos ressentimos, pois já praticamos a caridade pura e simples
(“benevolência para com todos, indulgência para com a faltas alheias, perdão e
esquecimento das ofensas”).
Morrer é colocar o Ser
Essencial acima do Ego. Morrendo também se encontra no gerúndio pois não se
trata da morte biológica mas sim da morte das paixões desnecessárias. Por isso,
é necessário IR MORRENDO, entrando gradativamente na sintonia do presente,
fazendo com que o Ego cada vez mais se sinta acolhido, compreendido e amado
pelo Ser Essencial e, pouco a pouco, vá morrendo a serviço dele.
Quando o Ego é colocado a
serviço da Essência Divina, toda a energia densa morre para dar lugar a uma
outra, mais sutil, suave e delicada. Esse é o verdadeiro significado de MORRER.
E deixar a matéria dar lugar ao espírito que é vida, que é amor.
A partir daí, tudo vai
sendo transformado e podemos viver a vida em abundância, como Jesus nos ensina.
Nessa fase, já não nos
preocupamos nem com o passado nem com o futuro, apenas com o presente, no
eterno presente.
Já nos encontramos em
profundo movimento de doação, conseguindo ser realmente um instrumento da Paz e
do amor de Deus.
Morremos como Ego, para
renascermos em essência. É o “homem velho” dando lugar ao “homem novo”. É o
ver-se “face a face”.
É Cristo vivendo em nós. É
fazer o caminho de Paulo de Tarso e do próprio Francisco.
É reconhecer Jesus como “caminho,
verdade e vida”.
Doamo-nos e recebemos
amor de nós mesmo.
Nesse momento, todo o universo
nos recebe, como um coração que pulsa bombeando sangue para todo o corpo para
haja vida.
É o doação na onipresença
de Deus, a própria doação ininterrupta de nosso Pai.
É ele pulsando através de
cada um de nós, que participamos com Ele como co-criadores, fazendo brilhar a
centelha divina presente em espírito.
“Brilhe a vossa luz
diante do homens”, disse Jesus no Sermão da Montanha. Porque nos doamos à
grande Doação Divina, recebemos as bênçãos dessa entrega.
Somente aí ocorre a
felicidade plena, total, aquela que ainda não é desse mundo.
Bibliografia: Cerqueira
F., Alírio: A Sublime Oração de Francisco de Assis. Editora Espiritutizar 2015
Teixeira, José Raul: A
Carta Magna da Paz. Editora Fráter. 2014
Muita Paz.
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